Tenho andado muito preocupado com o posicionamento de alguns irmãos a respeito da identidade batista. Muito se tem falado, muito se tem escrito, mas pouco se tem acertado. Dizem que estamos perdendo nossa identidade, que já não se conhecem as igrejas, que nossos cultos não mais são “cultos batistas”. Usam como argumento as palavras “ordem” e “reverência”. De fato, no documento “Princípios Batistas” de nossa Convenção Batista Brasileira, encontramos algo muito claro a esse respeito:
2- Culto
O culto a Deus, pessoal ou coletivo, é a expressão mais elevada da fé e devoção cristã. É supremo tanto em privilégio quanto em dever. Os batistas enfrentam uma necessidade urgente de melhorar a qualidade do seu culto, a fim de experimentarem coletivamente uma renovação de fé, esperança e amor, como resultado da comunhão com o Deus supremo.
O culto deve ser coerente com a natureza de Deus, na sua santidade: uma experiência, portanto, de adoração e confissão que se expressa com temor e humildade. O culto não é mera forma e ritual, mas uma experiência com o Deus vivo, através da meditação e da entrega pessoal. Não é simplesmente um serviço religioso, mas comunhão com Deus na realidade do louvor, na sinceridade do amor e na beleza da santidade.
O culto torna-se significativo quando se combinam, com reverência e ordem, a inspiração da presença de Deus, a proclamação do evangelho, a liberdade e a atuação do Espírito. O resultado de tal culto será uma consciência mais profunda da santidade, majestade e graça de Deus, maior devoção e mais completa dedicação à vontade de Deus.
O culto – que envolve uma experiência de comunhão com o Deus vivo e santo – exige uma apreciação maior sobre a reverência e a ordem, a confissão e a humildade, a consciência da santidade, majestade, graça e propósito de Deus (...).
Interessante que a palavra “liberdade” (grifos meus) expressa no documento nunca é lembrada pelos defensores do “culto-missa” e que, além disso, tais defensores desconhecem o significado das palavras reverência e ordem. Por isso, resolvi recorrer ao dicionário:
Reverência: Homenagem. Um gesto de reconhecimento para com alguém. Respeito de humildade para com outra pessoa. Respeito pelas coisas sagradas; veneração; inclinação do corpo para saudar qualquer pessoa;
Ordem: Ato de comandar; dar uma ordem a alguém; ato de arrumar, arranjar as coisas; organização; conjunto de leis e regras da sociedade;
Partindo desses pressupostos, cabe-me afirmar que, tendo nossos cultos organização e sentido, baseados nas regras ditadas pela Palavra de Deus (ordem), e tendo como objetivo principal venerar, homenagear e reconhecer a Soberania de Deus (reverência), estamos totalmente de acordo com a Palavra de Deus, independente das expressões utilizadas como forma de adoração por parte de nossos irmãos, como palmas, danças, teatro, estilos musicais diversos, levantar de mãos, dar glórias a Deus, orar no monte, ungir com óleo, falar em cura e libertação, expulsão de demônios, visões, revelação, etc. Todas essas práticas têm respaldo na Palavra de Deus e, se são feitas observando-se as regras de reverência e ordem, não vejo nelas nada que abale a identidade da igreja Batista, que tem a Bíblia como sua única regra de fé e prática.
Mas se não bastassem essas conclusões que são óbvias e inquestionáveis, ainda existe uma afirmação na nossa “Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira” que, ou não é conhecida de muitos de nossos líderes, ou então tais líderes tentam esconde-la assim como tentam esconder alguns princípios bíblicos em nome da tal “identidade batista”. Nossa Declaração diz:
XV- Liberdade Religiosa
Deus e somente Deus é o Senhor da consciência.1 A liberdade religiosa é um dos direitos fundamentais do homem, inerente à sua natureza moral e espiritual.2 Por força dessa natureza, a liberdade religiosa não deve sofrer ingerência de qualquer poder humano.3 Cada pessoa tem o direito de cultuar a Deus, segundo os ditames de sua consciência, livre de coações de qualquer espécie (...).
Ora, se tenho o direito de cultuar a Deus, segundo os ditames da minha consciência, e se o Senhor da minha consciência é única e exclusivamente o Senhor Deus, por que as igrejas insistem em querer ditar o estilo do culto? Porque insistem em querer proibir práticas que estão respaldadas na Palavra do Senhor, e que minha consciência, que é comandada pelo próprio Deus, me impele a realizar? Não seria o caso, então, de mudar a nossa Declaração doutrinária, para que a mesma se adapte à triste verdade que queremos esconder? E que verdade seria essa? – alguém me indaga – Que boa parte de nossas práticas está baseada no gosto pessoal de nossa liderança e não nos princípios claros e evidentes da Palavra de Deus.
Ou assumimos quem somos, e colocamos em prática o que acreditamos, ou precisamos mudar nossas afirmações e admitir que a Bíblia, na verdade, não é nossa única regra de fé e prática, mas apenas um livro complementar que auxilia, às vezes, nos ditames de nossa vontade “soberana”.
Sejamos coerentes! Sejamos batistas! Pratiquemos aquilo que pregamos, ou então mudemos a placa de nossa igreja, porque ser Batista é seguir fielmente os preceitos da Palavra de Deus, e nunca os preceitos de homens.
Edilson Araújo Santiago.
terça-feira, 8 de junho de 2010
sexta-feira, 4 de junho de 2010
O MINISTÉRIO DA MÚSICA
Instituído por Deus, sob a liderança do rei Davi (1Cr 6.31-48), o Ministério da Música atravessou a história e tem sobrevivido até os dias de hoje, mesmo que a duras penas. Apesar de sua importância inquestionável e valor inestimável, o Ministério da Música tem sido vítima da falta de preparo por parte de seus obreiros e da falta de visão de líderes. E lamentavelmente tem se extinguido em muitas igrejas, que têm priorizado outros Ministérios e ignorado a necessidade de um Ministério de Música forte, coeso, funcional.
Boa parte das igrejas “modernas” ignoram as bases Bíblicas do Ministério de Música e “contratam” músicos muitas vezes até profissionais, bons músicos, mas sem nenhum preparo para a obra do Ministério. E quantas são que têm pago alto preço por tal errônea decisão.
O Ministro de Música é alguém separado para a obra do Ministério. Ele deve dedicar tempo integral ao Ministério da Música, pois precisa “Ministrar continuamente” (1Cr 16.37). A obra do Ministério Musical é trabalhosa, demanda tempo. Não se faz um músico de uma hora para outra, não se fazem grupos musicais nas igrejas de um dia para o outro, não se preparam cultos utilizando “restos de minutos” do dia. O Ministro de Música precisa compreender que seu chamado foi específico, e deve ser cumprido. Ele foi separado por Deus para Ministrar e jamais terá exito dividindo seu tempo. Igrejas também devem ter essa visão e lembrarem-se que Ministros de Música têm família, têm compromissos, despesas, etc. E se vão dedicar seu tempo integral, precisam ser sustentados pela igreja. Precisam ser isentados de outros serviços (1Cr 9.33).
Além disso, o Ministro de Música precisa ser consagrado ao Ministério. Precisa receber ordem sacra. Em Números 8 encontramos ordem expressa de Deus a Arão para que os Levitas fossem consagrados ao Ministério. É claro que o Ministério Levítico tal como se fazia no Antigo Testamento não mais existe, mas é sempre bom lembrar que os Músicos designados para o Ministério da Música eram todos Levitas. Todos consagrados ao Ministério. Infelizmente muitas igrejas não têm dado importância à ordenação do Ministro de Música. Raras foram as vezes que tomei conhecimento de Concílios examinatórios e cerimônias de ordenação ao Ministério da Música. E o resultado todos nós temos visto. O Ministério da Música cada vez mais se esvaindo e, pior que isso, dando lugar, em muitos casos, ao mundanismo, que tem invadido a igreja por causa da falta de Ministros de Música preparados para a obra do Ministério.
O Ministro de Música, ainda, precisa ser bom músico. É preciso estudar, se preparar tecnicamente. Em meus 13 anos de Ministério de Música, conheci alguns Ministros que paravam de tocar se o vento virasse as páginas da partitura, outros que só tocavam por cifras, outros só de ouvido, alguns com problemas de afinação, outros com dificuldades rítmicas, enfim, um caos técnico. Os Levitas Músicos do Antigo Testamento foram ordenados ao Ministério após a constatação de que eram “entendidos” (1Cr 16.22). Eles conheciam música. Sabiam o que estavam fazendo. O Ministro de Música deve dominar pelo menos um instrumento e ter certo conhecimento sobre outros, precisa dominar a partitura, conhecer a teoria e saber aplicá-la à pratica, precisa ser um bom arranjador, saber usar a voz, aprimorar sua percepção, enfim, assim como o médico, o advogado, o engenheiro, etc, estão constantemente estudando e se atualizando, assim também precisa fazer o músico. Estudar muito e ser um profissional idôneo, competente, qualificado para o trabalho.
Por fim, é preciso que Ministros de Música, Pastores, Líderes e Igrejas entendam que o Ministério da Música é muito mais do que um grupo musical que toca no domingo a noite. É um Ministério organizado, que tem a responsabilidade de promover o culto e todo o programa musical da igreja como música congregacional, musica coral, música solística, execução de instrumentos, regência, composição, arranjo, educação musical, etc. Tudo isso, quando realizado por alguém capacitado tecnicamente para tal, e também espiritualmente para a obra do Ministério, resulta em cultos biblicamente relevantes, que exaltam a Deus e edificam seus filhos.
Edilson Araújo Santiago
Ministro de Música da PIBMG
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