sexta-feira, 30 de julho de 2010

Nada de divertir bodes. Estamos sim alimentando as ovelhas!


Li recentemente no Batista Mineiro, um artigo do Pr. Joaquim Ferreira Damasceno, intitulado “Alimentando Ovelhas ou Divertindo Bodes”. Acredito verdadeiramente no zelo do referido Pastor, e seu desejo ardente de levar as coisas de Deus a sério, e considero isso louvável.

Quando cursava o Seminário, fui aluno do sábio Pastor Bitencourt, e dele sempre ouvi uma frase que marcou a minha vida: “o meu negócio é Bíblia e feliz é o homem que faz da Bíblia o seu negócio”. Por essa razão, sempre procuro examinar o que a Bíblia diz, de fato, a respeito de qualquer situação, buscando sempre esvaziar-me de mim mesmo para ater-me apenas ao que a Palavra diz, e jamais tentar adaptá-la ao que penso. Nós é que precisamos nos adaptar à Palavra, e não o contrário.

Partindo desse pressuposto, tenho que dizer de minha preocupação com nossos cultos, com o que dizem nossos líderes, com o que tem se ensinado e praticado por aí no que diz respeito à música, louvor, adoração e práticas de culto. Tenho ficado estarrecido com a falta de informação, e com a quantidade de “baboseiras” que tenho ouvido e lido. Um completo “cuspir” de falta de conhecimento, equívocos e mais equívocos, e ninguém há que atente para Oséias 4.6 (O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento). E o mais triste, é que a grande maioria do ensinamento equivocado que nossas igrejas têm recebido parte daqueles que deveriam estar ensinando apenas a Palavra, e deixando de lado suas opiniões e preferências.

No artigo citado, li com tristeza, por exemplo, a respeito do Cantor Cristão, tão defendido pelos seus amantes, e atacado por aqueles que não o têm como cancioneiro preferencial. Uns desejam sua abolição, ignorando que ali existem hinos que abençoaram e abençoam até hoje, escritos por homens e mulheres de Deus, e que devem sim serem usados em nossos cultos. Outros, entretanto, o defendem com unhas e dentes, o idolatram e até o consideram tão santo quanto a Palavra de Deus, e ignoram que nesse hinário também existem heresias, como o hino 114 que afirma que Jesus habitará novamente a terra e que nós habitaremos aqui, reinando com ele, marcha de guerra como o 112, vários hinos nacionais, como o nº 6, que é o hino nacional da Inglaterra “Deus, Salve a Rainha”, o 258, que é o hino da Alemanha, músicas mundanas, como o 484, e uma enorme gama de erros teológicos, como por exemplo o hino n.º 11, que diz na 4ª estrofe que os filhos de Deus são réus, e isso não é bíblico (Rm 8.1; Jo 8.24), o hino 36 que diz que “fomos adotados pelo Filho”, quando na verdade fomos adotados pelo Pai (1Jo 3.1), o hino 88 que diz na 3ª estrofe que Jesus passou por grande escravidão, o que não tem sustentação bíblica, o hino 116 que pede na 4ª estrofe para que Deus derrame sobre nós, seu povo, as mesmas maravilhas dos outros povos, e outros tantos, que não vou citar por não ser esse o nosso foco no momento.

Li ainda, com tristeza, a respeito da bateria chamada ironicamente de “Nossa Senhora da Bateria”, sem que o amado autor se preocupasse em notar que pouco antes disse que esta está no lugar do púlpito, da mesa da ceia e do Piano, o que sugere, em primeiro lugar que esses três, o púlpito, a mesa e o piano, podem ser considerados “nossa senhora do púlpito, da mesa ou do piano” (questão de interpretação de texto que pode ser confirmada por qualquer entendido). E em segundo lugar, a constatação mais preocupante, de que o autor do artigo ignora que o piano não foi produzido para uso eclesiástico, e que assim como a bateria, teve sua origem na música “mundana”, tendo sido inventado durante o período clássico por Bartolomeo Cristofori, músico secular da corte, empregado do Príncipe Ferdinando de Medici. Ignora que foi justamente buscando volume e dinâmica dos sons, coisa que o predecessor do piano, o cravo, não oferecia, que Cristofori construiu em 1700 o Gravicembalo Col Piano e Forte, conhecido hoje como piano. Ignora ainda que o piano é tão utilizado nas igreja quanto no meio musical secular, especialmente no Jazz, e inclusive em shows de rock.

Causou-me ainda estarrecimento a afirmação do autor que afirma não crer que “o verdadeiro salvo sinta-se bem em um culto da forma como está sendo realizado hoje em nossas igrejas” e que “se Jesus viesse hoje em carne visitar a sua igreja e vendo cheia destes instrumentos de perturbação e esses cara pintadas sambando no lugar do púlpito, com o pretexto de estar pregando o evangelho de forma atualizada (...) jogaria para fora todos esses instrumentos mundanos”. E pasmo fiquei quando fui chamado pelo autor de “irreverente desrespeitador do recinto sagrado”. Aliás, se biblicamente o templo somos nós, a igreja somos nós, então o recinto sagrado só pode ser o coração onde habita o Espírito de Deus, e mais uma vez nosso autor mostra-se desinformado, escravo do legado romano que vê o prédio como sendo a igreja. Ainda mais abaixo o autor volta a confirmar sua desinformação alegando que o uso de bateria, teatro e coreografia é um “procedimento leviano na casa de Deus”. E eu afirmo novamente, baseado nos ensinamentos da Palavra do Senhor: Casa de Deus é o coração onde habita o Espírito Santo.

Quero concluir este “direito de resposta”, lembrando que, assim como o nobre Pastor, também me preocupo com alguns rumos que algumas igrejas têm tomado, com algumas práticas anti-bíblicas que alguns têm adotado e com o futuro de nossas igrejas. Batista que sou, seguidor dos princípios sagrados e inegociáveis da Palavra de Deus, também discordo de muita coisa, mas precisamos entender que a única autoridade para dizer se algo é correto ou não é a Palavra de Deus. Nossos líderes precisam entender isso. Nossos Pastores precisam se dobrar a isso. Não podemos de forma alguma basear nossos cultos em nossa preferência, em nosso gosto pessoal. Precisamos nos ater ao que diz a Palavra, e sermos mais diligentes na busca pelo conhecimento, não nos deixando levar por todo vento de doutrina (Ef 4.14). Que nós, Pastores e Líderes atentemos para Malaquias 2.7 que diz “Pois os lábios do sacerdote devem guardar o conhecimento, e da sua boca devem os homens procurar a instrução, porque ele é o mensageiro do Senhor dos exércitos”. Que Deus tenha misericórdia de nós!